Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pudesse combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.
A vida é um sonho perdido, num sono profundo e verdadeiro, e se te perguntarem quem sou, diz apenas que sou um louco consciente da loucura.
E se eu fosse outro que não sou, se tivesse caminhado pelo outro lado da encruzilhada? qual homem não se perguntou a si próprio...se pode-se ser eu anos atrás, quem era eu?
E eu mudaria muita coisa, hoje era mais feliz talvez, ou não porque não sei. Não te teria negado é certo, não teria fugido para longe....
Mas a verdadeira questão é: teria eu consciência disso? saberia eu a falta que me fazes se tu estivesses comigo? Talvez a ser assim preferisse o café, amargo, ao teu lado, como hoje...
É assim mesmo, o tempo não volta e se voltasse não era o mesmo. Faz agora porque é o presente que é futuro.
Não te quero porque a vida tua não me encaixa e a minha não te serve, mas quero-te sem porquês nem para quês, mas porque sim. Porque é imaginário e a imaginação não tem de ter razão para ser....